Não sei bem como um dia em nossas vidas nos pegamos pensando sobre como ir de trem da Moldávia para Romênia, dado que nunca nem na Moldávia havíamos pensado em visitar.

Bom, a grande verdade mesmo é que o primeiro plano era ir de avião de Chisinau, capital da Moldávia, até Bucareste, capital da Romênia. Mas como temos voado muito, temos tentado fugir um pouco do aeroporto, quando possível.

A Chel deu uma pesquisada e viu que o trem levaria quatorze horas, sairia no final de tarde e chegaria cedo na Romênia. O preço era a metade do de avião, mesmo na primeira classe e no final das contas, seria uma experiência diferente.

Logo, por que não?

As belezas de Chisinau, capital da Moldávia

O trem da Moldávia para Romênia

A primeira coisa que fizemos foi pesquisa na internet sobre o bendito trem. Mesmo em inglês só encontramos dois posts, ambos bem explicativos e nada mais. A informação mais importante era que o bilhete somente era vendido uma hora antes, na própria estação de trem na Moldávia.

A informação estava correta, compramos os tickets, mas não conseguimos ninguém para nos explicar se alguma comida seria servida ao longo da viagem. E na falta de instruções (ninguém falava inglês suficiente para nos explicar qualquer coisa), compramos uma garrafa de coca cola e alguns croissants na padaria que almoçamos.

De fome não morreríamos. As 16:05, horário previsto para a saída do nosso trem, lá estávamos nós sentados na estação. Em nossa companhia um homem do Sri Lanka, mas que vive na Austrália e estava viajando o mundo há alguns meses.

Dormindo em um trem soviético

Mal subimos a escada do trem e já parecia que estávamos em um filme dos anos 1950. As cortinas de camurça vinho, o cheiro de nicotina impregnado no tecido, a falta de ventilação.  Claro que longe de ser o serviço de primeira classe que experimentamos quando cruzamos o Canadá de trem, mas longe de ser um problema por somente algumas horas.

O trem saiu pontualmente, como nós já bem alocados em nossa cabine. A paisagem na região alternava entre belos campos, plantações e algumas pequenas cidades. O pôr do sol ajudava a trazer uma bela cor para a região repleta de verde.

Algumas horas mais tarde, mas ainda de dia, chegamos a fronteira da Moldávia com a Romênia. E é aqui que o show começa!

A largura do trilho nos países que pertenciam a União soviética é diferente da Europa e por conta disso uma grande obra da engenharia é necessária para completar esta viagem. Em um processo que leva quase duas horas, o trem é literalmente levantado (com nós dentro) e toda a parte de baixo do vagão, onde estão as rodas, etc.… é substituída por rodas com uma nova largura.

Somente dessa forma os trens conseguem circular em ambos os países, uma vez que os trilhos não serão trocados tão brevemente, o negocio é troca o chassi dele todo. Não é uma coisa super diferente e maluca?

Foi mais fácil do que pensávamos

A noite caiu e tudo ficou escuro lá fora, logo não havia mais sentido ficar acordado. Comemos algo (eles não servem nada de comida), pegamos os lençóis, cobertores e travesseiros de nossa cabine e dormimos na esperança do tempo passar mais rápido.

Como um todo a viagem foi muito mais tranquila do que poderíamos imaginar. A cama era confortável (lembre-se que estamos em um trem soviético, não no Anantara), apesar de não muito larga e funcionava, desde que fosse para uma noite somente.

O banheiro era curioso, quando você fazia xixi e dava descarga você conseguia ver o trilho do trem logo embaixo, passando em alta velocidade. Ou seja, nada ficava no trem. Banho nem pensar.

As seis da manhã, conforme previsto, chegamos em Bucareste, capital da Romênia.

Informações Gerais

• O trem sai todos os dias as 16:00 de Chisinau na Romênia
• A primeira classe custou 30 euros por pessoa e ficamos em uma cabine somente nós dois.
• A Cabine normal sai algo em torno de 10 euros por pessoa e você divide uma cabine com até quatro pessoas.
• Não foi possível pagar com cartão de crédito.
• Leve comida

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